Equivocam-se os que acreditam que o papel do analista é revelar o que está inconsciente para o paciente. A arte do analista não resume-se em interpretar, a mera interpretação não elimina os sintomas; se fosse assim a hipnose ainda nos seria útil.
Também não se trata de superar resistências para que o próprio paciente recorde o que foi reprimido, afinal, muitas vezes ele não consegue recordar e cabe ao analista preencher as lacunas.
Mas o que faz o analista afinal?
Cabe ao analista, dentro da neurose de transferência, acompanhar o paciente em sua compulsão à repetição, ajudando-o a reviver o reprimido, mas não da mesma forma. Não se trata de uma reprodução fiel do conflito, mas de uma repetição aprimorada, com novas ferramentas que possibilitem uma elaboração e uma resolução mais saudável que a anterior.
O paciente está sempre repetindo o conflito no seu dia-a-dia. Em análise ele pode dar um novo final. Como dizia Freud, em psicanálise o que fazemos é “recordar, repetir e elaborar.”