Ghosting, amores líquidos, a fila anda, etc. São tantos os nomes da nossa fragilidade. ⠀
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Os relacionamentos atuais são uma competição na qual quem se importa menos ganha. Ganha o quê?⠀
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A máxima para se envolver é algo como “só posso me importar na medida em que o outro se importa”, mas como ter acesso ao que o outro sente? Não é sempre uma projeção? Uma incerteza?⠀
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O discurso do “eu me basto” vira uma arrogância narcísica para proteger a nossa vulnerabilidade. Se envolver é mesmo uma grande ameaça a essa fragilidade que todos carregamos. Mas é preciso entender que podemos apenas nos bastar depois que entendemos a importância do outro e decidimos ficar sozinhos não por arrogância, mas porque sabemos que temos para onde retornar depois da necessária solidão. ⠀
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Nada disso quer dizer que precisamos estar em um relacionamento amoroso. Isso quer apenas dizer que não precisamos fugir. Que sabemos que a relação com o outro constitui a nossa subjetividade e que é indispensável. Mas esse outro não precisa ser um namorado, desde que essa seja uma escolha que passa pela nossa falta primordial. Porque no fundo ninguém se basta. Não desse jeito. E o amor é essa confusão de sentimentos, não é uma estabilidade fantasiada nos filmes de Hollywood. Quem não arrisca nada, não vive nada. E a felicidade total não seria na verdade um tédio total?